22 de jun. de 2017

Letreiros antigos que resistem no comércio de rua da Tijuca

Memória afetiva para uns, abandono para outros. Na Tijuca, muitos letreiros antigos ainda povoam as fachadas do nosso comércio de rua. Alguns deles já se tornaram de estimação tamanha a simpatia (inconsciente) aos quais muitos tijucanos lhes têm. Para identificar o quão antigo pode ser um desses letreiros, há pistas certeiras: é só observar o estilo das letras que destacam o nome do empreendimento, o material utilizado, o modo como é apresentado o número de telefone, o tipo de iluminação. Número de fax, então, já é redenção na certa. Outros se entregam pelo simples anúncio do gênero de serviço prestado: videolocadoras, minutas e vitaminas, calçados e bolsas para senhoras.

O PASSEADOR TIJUCANO recorreu as principais ruas e procurou listar oito letreiros antigos e emblemáticos do nosso bairro. Quer colaborar com a lista? É só mandar sua contribuição – de preferência, com foto – para pelasruasdatijuca@gmail.com.


1. AO TRANSISTOR DA TIJUCA (Rua São Francisco Xavier 2, Loja E)


Rua São Francisco Xavier 2, Loja E, Largo da Segunda-Feira 


"Ao Transistor da Tijuca" é uma das tantas lojas de material elétrico e utilidades do gênero que existem no bairro. O letreiro antigo já é quase patrimônio gráfico do Largo da Segunda-Feira, onde se situa. Observem que o prefixo do telefone só apresenta três dígitos, dando uma amostra do seu longo tempo de existência. Vale destacar que, no Rio, todos os números de telefonia fixa passaram a ter prefixo de quatro dígitos no dia 30 de junho de 2001, há 16 anos.


2. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO STA. CAROLINA (Rua Santa Carolina 8)


Rua Santa Carolina 8, Usina

Outro gênero comercial bastante comum aqui na Tijuca é o varejo especializado em materiais de construção. São bazares à moda de outrora, bem diferentes das grandes cadeias como Leroy Merlin ou Casa Show. Na Usina, temos a loja "Materiais de Construção Sta. Carolina", localizada na rua homônima. O letreiro, coitadinho, mal conserva suas letras. Mesmo assim, ainda se pode identificar o derradeiro slogan: "Tudo Para Construção e Pinturas".


3. GURILANDIA LANCHES (Rua Conde de Bonfim 670)

Rua Conde de Bonfim 670, entre Uruguai e Dona Delfina 

Quem se lembra dos tempos em que ir à Disney também podia ser sinônimo de ir à Disneylândia? No caso da Tijuca, o sufixo "lândia", que cheira à naftalina de tão démodé, é utilizado para designar o território da gurizada na Rua Conde de Bonfim 670. Ou melhor: a "Gurilandia Lanches", sem circunflexo. O letreiro do estabelecimento não deixa mentir a idade: ele oferece (ou oferecia) refeições à minuta, pizzas e vitaminas. Em tempos de hambúrguer gourmetizado, o que são mesmo minutas e vitaminas?! De todo modo, eis mais um patrimônio gráfico do nosso bairro!


4. REQUINTE (Rua Conde de Bonfim 668, Loja B)

Rua Conde de Bonfim 668, Loja B, entre Uruguai e Dona Delfina

Nas vizinhanças da "Gurilandia Lanches", jaz o letreiro da antiga boutique "Requinte", no número 668 da Rua Conde de Bonfim. A loja é dos tempos em que se vendia produtos exclusivos para "senhoras", tais como calçados e bolsas. Diferentemente dos demais estabelecimentos listados aqui, a "Requinte" encerrou suas atividades já há um bom tempo (algum leitor sabe quando?), e o melhor - está fechada com portas pantográficas! Mais vintage, impossível. Nossa Tijuca é tradicional até quando não quer.


5. BRASEIRO (Rua Haddock Lobo 123A)

Rua Haddock Lobo 123, Loja A, próximo à Avenida Paulo de Frontin (Fonte: Google)

Oficialmente conhecida por "O Braseiro Armarinho Limitada", a Braseiro Modas - como é comumente chamada - está fincada na Rua Haddock Lobo desde 1966, já nas bandas do Rio Comprido. Segundo o tijucano Felipe Torreira, do blog Pileque, "as roupas estão expostas em cristaleiras muito bonitas, bem altas, pois o pé-direito da casa deve ter seus seis metros. Camisetas furadinhas, camisas sociais, camisolas, meias sociais, calçolas, cintos elegantes e moda íntima em geral enchem as estantes e mostruários". Tim Maia, o cantor, foi freguês em outras épocas. Inveterado letreiro!


6. ELETRÔNICA ROBRUM (Rua José Higino 290)

Rua José Higino 290

Já se foram os tempos em que hordas de tijucanos consumiam ad nauseam as incontáveis videolocadoras existentes no bairro. Com o fim dos cinemas na Praça Saenz Peña, alugar VHS e DVDs tornou-se uma das poucas opções culturais por aqui. Agora, em tempos digitais, as videolocadoras ficam só na saudade ou impressa nos letreiros, como neste da "Eletrônica Robrum", situada à Rua José Higino 290. A placa também entrega a idade pelo anúncio do número de telefone com prefixo de três dígitos e do número de fax. E os pontinhos luminosos que circundam a moldura? Dignos de cenário dos programas da Xuxa, nos anos 1980.


7. BAZAR CASCATA (Rua Conde de Bonfim 927, Loja D)

Rua Conde de Bonfim 927, Loja D, Muda 

Na esquina da Rua da Cascata, o "Bazar Cascata" faz parte da turma de lojas de ferragens, material elétrico e conserto de eletrodomésticos tão comuns na Tijuca. Após a remoção do tradicional letreiro de "O Queijeiro da Muda", arriscaria dizer ser este um dos mais emblemáticos atualmente deste pedacinho da Tijuca.


8. HOTEL TIJUCA (Rua Pareto 63)

Rua Pareto, 63, arredores da Praça Saenz Peña

O "Hotel Tijuca" dispensa apresentações: é um dos mais famosos motéis do tipo custo-benefício do bairro, muito embora ainda há quem encare o "Paretão" como um hotel - pelo menos, na página do Trip Advisor, onde se tecem críticas sobre o serviço prestado. O prédio chega a ser risível de feio, mas o seu letreiro continue firme e forte na paisagem aérea dos arredores da Praça Saenz Peña justo no seu trecho mais decadente, a Rua Pareto. A placa emana ares de far west movie, mas é um desses letreiros que eu estimo sem saber o porquê.

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Quer colaborar com a lista? É só mandar sua contribuição – de preferência, com foto – para pelasruasdatijuca@gmail.com.

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