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Tijucanos ansiosos pela abertura da estação Uruguai na Rua Itacuruçá na manhã de sábado (15) |
Mesmo após uma noitada no Bar do Momo, regada a muita cerveja, bolinho de arroz, aparecidinho de carne seca e jiló com provolone (tais detalhes ficarão para uma próxima postagem, afinal, o reduto é tijucaníssimo), decidi obedecer ao alarme do despertador e me levantei da cama, ainda sonolento, disposto a caminhar da região da Praça Saens Peña até a Rua Uruguai. O propósito? Participar da inauguração do novo terminal da Linha Um do metrô carioca, a estação Uruguai.
Tem gente que não se encanta em participar, assim, tão ativamente dos acontecimentos dos bairros onde moram, mas aqui na Tijuca tenho a impressão de que as pessoas apreciam esses tipos de evento. A inauguração das três primeiras estações metroviárias na região, em 1982, por exemplo, foi uma grande festa entre os tijucanos. Depois de seis anos sofrendo com as obras do metrô e todos os seus efeitos colaterais, sobretudo na Praça Saens Peña, finalmente puderam ver o progresso chegando por essas bandas. E, desde então, o metrô continua se expandindo lentamente pelo Rio. Ou seja, a abertura de uma nova estação é sempre acompanhada de muita euforia. Foi com base nisso que decidi partir para lá um pouco antes das 10 da manhã. Queria fazer parte desse dia histórico para a Tijuca!
O único acesso aberto era o da Rua Itacuruçá, onde havia uma expressiva aglomeração de moradores e curiosos no aguardo para o primeiro sinal de “passagem liberada”. Tijucanos das antigas comentavam sobre a tão esperada estação de metrô nesse local. Uns, mais calorosos, ecoavam frases como "Agora estamos mais perto da zona sul!", enquanto outros, mais críticos, divagavam sobre a possibilidade do metrô ir parar no Andaraí e no Grajaú. Estudantes do Colégio Palas, animados com a balbúrdia, circulavam entre grupos de senhoras que posavam para fotos diante do letreiro da Estação Uruguai. Do alto dos prédios, famílias observavam a multidão lá embaixo com alegria e ansiedade no semblante. Sim, estavam todos muito felizes.
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A plataforma da estação Uruguai: cores vivas |
O saguão da estação Uruguai estava tomado por repórteres e políticos, além de convidados especiais. Gente da Tijuca, por exemplo, como o Jaime Miranda (presidente da Associação Comercial e Industrial da Tijuca) e o administrador regional Nelson Aguiar, além de comerciantes tradicionais. Logo na descida havia uma mesa com sucos, café, canapés e sanduichinhos. Um coquetel que, mesmo sendo muuui singelo, atraiu a atenção imediata das "tias" que estavam no meu grupo. Um beijo para elas, aliás, todas muito simpáticas e gentis em me chamarem de "pão".
No centro da roda envolta por câmeras de TV, microfones e gravadores, encontravam-se o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o alcaide Eduardo Paes, o vice-governador Luiz Fernando de Souza, o Pezão, e, como já foi citado, o secretário de transportes. Uma passagem curiosa do discurso, que era alternado a todo momento para cada uma destas figuras, foi o anúncio certeiro, cheio de convicção, por parte de Sérgio Cabral, de que o Pezão seria o nosso futuro governador. Os convidados, ali, todos muito simpatizantes com o PMDB, gritavam em uníssono o nome de Pezão, bem como aplaudiam incansavelmente quaisquer promessas escapulidas pela trupe no microfone.
Depois de tanto blablablá é que, por fim, foi dado o sinal verde para que todos embarcassem no trem em direção à Praça General Osório. A primeira viagem aconteceu por volta do meio-dia e com vagões não tão lotados, apesar da grande quantidade de pessoas que assistiram à cerimônia. Câmeras não paravam de clicar em um só momento, sobretudo as dos moradores da Muda e Usina, entusiasmadíssimos com a ideia de poderem, a partir de hoje, embarcar no metrô sem precisarem de ônibus-integração, cujo serviço continuará existindo tendo como ponto final a Saens Peña.
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O saguão com as catracas, ainda vazio, enquanto a campanha política rolava solta ao lado |
Acompanhado de amigos, viajamos até a estação Saens Peña, onde pudemos ter uma dimensão ainda mais crítica do metrô nessa fase pós-Uruguai. Explico-me: a organização espacial da estação Saens Peña ainda está configurada como uma estação terminal, o que deixou de ser. Faltam-lhe novas sinalizações, reordenamento das catracas, assim como das escadas de acesso e saída, sem mencionar o alargamento urgente das plataformas, muito estreitas para a quantidade abundante de usuários que passam diariamente pela praça.
Do jeito que a estação Uruguai do metrô ficou bonita e, de certo modo, luxuosa, tudo indica que Saens Peña, São Francisco Xavier e Afonso Pena, que não são reformadas desde os anos 1980, serão as “primas pobres” da Uruguai. Essa alcunha é o de menos; o pior, eu palpitaria, é o descontentamento, agora, dos usuários da Praça Saens Peña, que não mais viajarão sentados como lhes foi costumeiro por mais de 30 anos. Take it easy, minha gente.
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